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Mês das Mulheres

Elas superam desafios e empreendem gerando emprego e renda

Com o passar dos anos, as mulheres estão, cada vez mais, inseridas no mercado de trabalho. E, apesar de terem uma carga dobrada, já que os cuidados com a casa e com a família ainda são atribuídos a elas, conquistar um cargo é uma forma de trilhar uma carreira e adquirir independência financeira. Contudo, quem nunca se deparou com regras, gestões, salários e tratos que diminuíssem mulheres dentro de uma companhia? Com essa realidade ainda presente em muitos espaços, o número de mulheres abrindo seus próprios negócios tem crescido exponencialmente.

Dados da pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor, conduzida pelo Sebrae em 2019, mostram que o país tinha, naquele ano, aproximadamente 24 milhões de mulheres empreendedoras. Ainda de acordo com a entidade, elas são responsáveis por 34% dos empreendimentos criados no Brasil em 2018. Em Lages, são mais de 10.000 pequenos negócios nessa modalidade. Destes, 42,7% são de mulheres.

Esse movimento do empreendedorismo feminino cresce todos os anos e certamente têm impactos positivos no mercado nacional e internacional. Ainda, de acordo com dados coletados pelo Global Entrepreneurship Monitor, em cooperação com o Sebrae, existem aproximadamente 24 milhões de mulheres empresárias no Brasil, sendo que o número de empreendedores homens é de aproximadamente 25 milhões.

Apesar do Dia Internacional da Mulher ser comemorado em 8 de março e o mês ser consagrado a elas, a ONU criou, em 2014, o Dia do Empreendedorismo Feminino, comemorado em 19 de novembro. A data surgiu com o objetivo de incentivar e valorizar a abertura de negócios por mulheres, mostrando seu impacto no crescimento econômico regional.

Em Lages, empresas de todos os segmentos são comandadas por mulheres. A participação delas na economia é tão significativa que a Associação Empresarial de Lages (Acil) e a Câmara de Dirigentes Lojistas de Lages (CDL) implantaram núcleos específicos formados por mulheres.

A Acil realiza também o Prêmio Mulheres de Sucesso. O evento visa reconhecer, valorizar e homenagear as mulheres que fazem a diferença em cinco segmentos do mercado Lageano: indústria, comércio, profissionais liberais, serviços e responsabilidade social.


Empreendedorismo feminino contribui para melhorar o IDH

Quando se discute desenvolvimento de uma cidade ou região, toma-se por base - via de regra - o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), indicador da ONU, utilizado para comparar o desenvolvimento em Países, Estados e Municípios. Formado por diversos indicadores, o IDH divide-se em três áreas de análises, Saúde, Educação e Renda, que formam o IDH médio.

Na Serra Catarinense, a Renda e a Educação "puxam" o indicador médio para baixo. Desse modo, ações que reflitam na geração de renda acabam tendo impacto direto no nosso IDH. Adicionalmente, aumenta a relação empregos/habitantes, outro indicador importante, onde a região precisa evoluir. "É nesse contexto que fica claro a relevância do Empreendedorismo Feminino no desenvolvimento da região." A análise é do gerente regional do Sebrae na Serra Catarinense, Altenir Agostini.

Ele observa que uma das formas de se iniciar um pequeno negócio, é através do Microempreendedor Individual (MEI), uma maneira descomplicada e com vários benefícios para quem quer empreender. Em Lages, são mais de 10.000 pequenos negócios nessa modalidade. Destes, 42,7% são de mulheres. Um número relevante, mas ainda abaixo da média do Estado, que é de 46%. Dentre as principais atividades empreendidas pelas MEIs de Lages, estão o comércio varejista de vestuário, acessórios e cabeleireiros e atividades de beleza. Mas elas também estão em diversas outras áreas, como obras de alvenaria, mostrando que quando se trata de empreender, todas as áreas apresentam oportunidades.

"Essa é uma abordagem econômica. Há também uma abordagem muito importante, mais ligada às questões de realização pessoal, de concretização de sonhos, de dar - além de ocupação - sentido e propósito para muitas mulheres que acabam encontrando em uma atividade econômica um novo ânimo e um (re)começo profissional," comenta Altenir.


O SEBRAE DELAS

O Sebrae Delas, Desenvolvendo Empreendedoras Líderes Apaixonadas pelo Sucesso, é um programa de aceleração com o objetivo de aumentar a probabilidade de sucesso de ideias e negócios liderados por mulheres. Realizado pelo Sebrae/SC, busca valorizar as competências, comportamentos e habilidades das mulheres, difundindo e profissionalizando o empreendedorismo feminino.

 As mulheres ainda enfrentam muitos desafios para empreender como, a maior quantidade de tempo dedicado à família, às atividades de casa e a dificuldade para acessar crédito. Em tempos de crise, algumas desigualdades se aprofundam, aumentando ainda mais as dificuldades enfrentadas pelas empreendedoras e refletindo na economia. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), no primeiro trimestre de 2020, o número de mulheres que perderam o trabalho foi 25% maior que o de homens, aumentando a probabilidade de busca do empreendedorismo por necessidade pelas mulheres, muitas delas chefes de família.


Entrevista


Marina Elena Miggiolaro Barbieri é analista técnica do Sebrae/SC e coordenadora do Programa Sebrae Delas Mulher de Negócios.

Folha da Serra: O Sebrae Delas foi criado para estimular o empreendedorismo feminino ou para atender uma necessidade já existente?

Marina Elena: Nosso grande objetivo no Sebrae sempre foi trabalhar o empreendedorismo que transforma. E desta forma, buscamos fortalecer sua atuação nas diversas clivagens desse tema. Seguindo tendência mundial de governos e empresas, o Sebrae lançou seu programa de empreendedorismo Feminino, chamado Sebrae Delas Mulher de Negócios, que tem como objetivo estimular mulheres a empreender, gerar negócios e transformar suas realidades.

Para nós, são duas as principais justificativas que embasam o fomento ao empreendedorismo feminino: Efeito multiplicador no crescimento econômico da sociedade e Empoderamento econômico gera liberdades.

A primeira justificativa relaciona-se ao fato das mulheres representarem mais de 52% da população do Brasil e sua participação econômica pela via do empreendedorismo tende a produzir efeito multiplicador no crescimento econômico da sociedade. Em outras palavras, a inclusão produtiva das mulheres via o empreendedorismo favorece a melhoria dos aspectos sociais, educacionais e indicadores de saúde tanto das empreendedoras quanto de suas famílias.

A segunda justificativa encontra respaldo no empreendedorismo representar forma relevante de empoderamento da mulher, pois contribui para sua liberdade econômica. Essa é porta importante para as demais liberdades, como a social e a política.

Desde que o Programa foi lançado em junho de 2019, já impactamos mais de 4.000 mulheres em toda Santa Catarina. Nosso Programa de Desenvolvimento, nos últimos 20 meses, atendeu, de forma continuada, mais de 900 empreendedoras.


Como você analisa o interesse das catarinenses em montar seu próprio negócio?

Inicialmente, e isso ainda acontece muito, muitas mulheres empreendiam por necessidade, ou seja, precisaram se virar para dar conta de bancar a própria família. Atualmente, um grande número de mulheres tem empreendido para mudar os paradigmas em um cenário que ela não deseja mais, ela está criando um novo mercado a partir de novas ideias.

O cenário atual é um reflexo dessa mulher de hoje, que está empreendendo em cenários de impacto. Mulheres buscam no empreendedorismo uma forma de se reinventar. Cada vez mais elas estão criando marcas, empresas, start-ups e projetos com potencial de transformação social e ambiental no Brasil e no mundo.

Números mostram que cada vez mais as mulheres empreendem mais cedo (entre os 30 e 39 anos). É nessa fase da vida que temos mais coragem. Isso é reflexo da geração Y, que é muito focada nos seus propósitos, nas suas causas, nos seus desejos de mudar o mundo. É essa geração que vai abrir portas e janelas.

Além disso, com a possibilidade reduzida de crescer e chegar a cargos de tomada de decisão, é por meio do empreendedorismo que as mulheres encontram uma rota para unir propósito e carreira.


Esse interesse aumentou com a pandemia?

A pandemia causada pelo novo coronavírus trouxe consigo uma crise sem precedentes. O mercado está passando por transformações profundas que devem se estender por muito tempo, algumas delas trazendo impactos significativos para o futuro das empresas. Entender esse mundo novo é importante para nos prepararmos para o que vem por aí. Porque uma coisa é certa: o mundo não será como antes.

Segundo estudo da Mckinsey Global Institute, a promoção da igualdade de condições de trabalho promoveria um incremento de cerca de 30% do produto interno bruto (PIB) brasileiro. Portanto, existe uma correlação positiva entre maior produtividade econômica da mulher, principalmente empresárias, e o crescimento econômico de um país (Weeks & Seiler, 2001).

Acreditamos no impacto positivo da liderança feminina no mercado e nos negócios, como forma de redução de disparidades sociais históricas. Sua presença não só no ambiente de trabalho, mas também em postos de gestão propicia um mercado com mais diversidade e diferentes pontos de vista. O empreendedorismo tem sido estratégico para estimular um processo simultâneo de inclusão e de ascensão social.

Nos últimos anos a transformação política, social e econômica pela qual atravessa o país contribuiu para que as mulheres buscassem mais preparo, conhecimento e inovação ao empreender.


As dificuldades de uma mulher são maiores ou iguais as dos homens?

Começar um negócio, passar por todas as etapas desde o planejamento até o desenvolvimento e, ainda se manter no mercado de forma competitiva é bem desafiador. Para tanto exige habilidades diferenciadas e essas questões valem tanto para os homens, quanto para as mulheres.

Para as mulheres os desafios podem ser ainda maiores, apesar de terem mais escolaridade que os homens. Dentre os principais desafios que o empreendedorismo feminino enfrenta, destacamos, a jornada múltipla, o preconceito, a falta de incentivo e taxas de juros mais altas.

Mas apesar de todas as dificuldades, o empreendedorismo feminino está em crescimento e já possui várias ações em andamento em todo país. Esse crescimento exponencial se deve a algumas características que favorecem a gestão dos negócios.

Por exemplo, as mulheres tendem a aliar sensibilidade, intuição e cooperação com atitudes como coragem, determinação e iniciativa. Isso faz com que desenvolvam habilidades importantes na hora de gerenciar equipe e administrar os negócios.

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