Enquanto SC dá o exemplo na preservação, Brasil bate recorde de queimadas
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Um bom exemplo é a Klabin que mantém na Serra Catarinense a RPPN Serra da Farofa
Marcelo Hübel / Divulgação
Em 17 de julho comemora-se o Dia Mundial de Proteção às Florestas. Mas, enquanto Santa Catarina foi o estado que mais reduziu o desmatamento da Mata Atlântica (86%), entre 2022 e 2023, seguido pelo estado do Paraná com 78% e Minas Gerais com 57%, o Brasil amarga recorde histórico de queimadas no primeiro semestre deste ano, principalmente no Mato Grosso e no Cerrado. Se até 2022 as queimadas eram atribuídas ao Governo Federal, agora são creditadas principalmente ao clima seco.
Reportagem publicada na CNN Brasil em 26 de junho deste ano, com o título: Brasil bate recorde de queimadas no primeiro semestre de 2024, diz estudo. Segundo o texto, o Pantanal e o Cerrado totalizaram a maior quantidade de focos de incêndio para o período, desde o início das medições em 1988 pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
No Pantanal, de 1º de janeiro a 23 de junho, foram detectados 3.262 focos de queimadas, um aumento de mais de 22 vezes em relação ao mesmo período no ano anterior. Este é o maior número da série histórica do INPE.
Entre janeiro e junho de 2024, quase todos os biomas brasileiros tiveram um aumento no número de queimadas em comparação ao mesmo período de 2023, exceto o Pampa, afetado por chuvas responsáveis pelas enchentes no Rio Grande do Sul.
Na Amazônia, foram detectados 12.696 focos de queimadas entre 1º de janeiro e 23 de junho, um aumento de 76% em comparação ao mesmo período no ano passado, o maior valor desde 2004.
Na série histórica do INPE, o número de incêndios de 2024 na Amazônia, nos primeiros seis meses, só foi superado em 2003 e 2004. No entanto, ao contrário dos altos índices de desmatamento de 2003-2004, em 2024 o aumento das queimadas ocorre após dois anos consecutivos de queda no desmatamento.
Crise climática
Segundo especialistas, geralmente, as queimadas na Amazônia estão ligadas ao desmatamento, pois o fogo é usado para “limpar” áreas onde a floresta foi derrubada. Contudo, em 2024, a combinação de queda no desmatamento e aumento dos focos de fogo sugere que as queimadas estejam associadas à crise climática, com o bioma passando por uma seca severa desde 2023.
Entre janeiro e junho de 2024, quase todos os biomas brasileiros tiveram um aumento no número de queimadas em comparação ao mesmo período de 2023, exceto o Pampa, afetado por chuvas responsáveis pelas enchentes no Rio Grande do Sul.
A temporada seca está apenas no início e o maior número de incêndios costuma ocorrer entre agosto e outubro, com um pico em setembro. Mesmo assim, o Pantanal teve mais queimadas do que em 2020, quando foram registrados 2.534 focos no mesmo período. Naquele ano, incêndios consumiram um terço da área do bioma, resultando na morte de mais de 17 milhões de animais vertebrados.
SC tem queda de 86% no desmatamento
De acordo com o Atlas da Mata Atlântica, coordenado pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e pelo Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) Mata Atlântica, feitos através de uma parceria entre a SOS Mata Atlântica e o MapBiomas, o desmatamento do bioma em Santa Catarina apresentou queda de 86%, percentual mais expressivo do que o registrado em todo o Brasil que foi de 27%.
Segundo a pesquisa, Santa Catarina foi o estado que mais reduziu o desmatamento da Mata Atlântica entre 2022 e 2023, seguido pelo estado do Paraná com 78% e Minas Gerais com 57%. O tema preservação volta a ser evidenciado em junho, mês Mundial do Meio Ambiente.
Para a presidente do IMA, Sheila Meirelles, os bons números conquistados no estado estão diretamente ligados à intensificação das fiscalizações e no investimento estratégico em tecnologias de alto padrão como o Sistema Integrado de Monitoramento e Alertas de Desmatamento (SIMAD), desenvolvido pelos técnicos do Instituto para auxiliar no serviço de fiscalização.
“O fato da fiscalização estar mais efetiva em Santa Catarina contribui para esse resultado expressivo em relação a preservação da Mata Atlântica em nosso território, e o SIMAD, um dos programas mais inovadores do país, tem contribuído através dos seus alertas para que o serviço de fiscalização possa combater de forma efetiva os crimes de desmatamento ilegal no estado”, enfatiza Sheila.
Como é feito
O Simad utiliza imagens de satélite para comparar locais em diferentes períodos, mostrando o histórico da vegetação. Se há supressão de vegetação, por exemplo, o próprio sistema verifica se aquela supressão possui autorização de corte ou se foi clandestina.
O sistema identifica, por meio de imagens orbitais de alta resolução, a diferença de cobertura vegetal ocorrida de forma periódica em todo território catarinense. São avaliados mosaicos com até 4,7 centímetros de resolução espacial disponibilizados pelo programa NICFI, em parceria com ao governo da Noruega.
O alerta é gerado por meio de programas computacionais de código aberto e portanto sem custos para o Estado. São analisados se houve autorização para supressão incluindo informações de responsabilidade do IMA e as disponibilizadas pelo Sinaflor por meio do Ibama, além de outras informações da área, como histórico de uso do solo, informações do Cadastro Ambiental Rural, entre outros.
“Nosso estado possui 38% de floresta nativa do Bioma Mata Atlântica, um ativo ambiental valiosíssimo do ponto de vista de biodiversidade e serviços ecossistêmicos. Sua proteção é meta para o governo do Estado”, afirma o secretário de Meio Ambiente e Economia Verde, Ricardo Guidi.
Brasil perde 40 hectares por dia
No período 2022-2023, do total de 130.973.638 hectares da Área de Aplicação da Lei da Mata Atlântica, foi possível avaliar 98,4% desta área. Apenas 1,6% foi parcialmente avaliado devido à cobertura parcial da imagem por nuvens. O total de desflorestamento observado foi de 14.697 hectares, que correspondem à perda de 40 hectares de matas
maduras por dia e à emissão de 7,032 milhões de toneladas de CO2 equivalente na atmosfera, similar às emissões do país Cabo Verde, em 2020, ou às do Distrito Federal, em 2022.
Este valor é 26,8% menor que o observado no período 2021-2022 (20.075 ha), mas ainda é 29% maior que o menor valor observado na série histórica desde 1985, ou seja, 11.399 ha, para o período 2017-2018.
Quatro estados acumularam 90% do desflorestamento: Piauí (6.192 ha), Minas Gerais (3.193 ha), Bahia (2.456 ha) e Mato Grosso do Sul (1.457 ha).
Houve aumento do desflorestamento em quatro Unidades da Federação (PI, MS, CE, PE) e redução em 12 delas (AL, BA, ES, GO, MG, PB, PR, RJ, RS, SC, SE, SP). No Rio Grande do Norte houve uma variação que indica uma pequena alta, mas diferente dos demais estados com esta tendência.
“Pode-se afirmar que 66% do território municipal de Lages é coberto por vegetação nativa, sendo que a média do Estado de Santa Catarina, é de 40%. Lages está bem acima da média nacional, quando se fala em conservação da Mata Atlântica, o que é excelente.”
Wigold Schaffer, da Apremavi, ao apresentar o Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Lages para o prefeito Antonio Ceron, em 2018.
Maiores florestas de pinus estão na Serra
Santa Catarina possui mais de 700 mil hectares de área plantada de pinus. O estado é responsável por 35% da produção nacional deste pinheiro de origem norte-americana, mas que se adaptou perfeitamente no Sul do Brasil.
O desenvolvimento do setor de base florestal de Santa Catarina esteve em discussão durante o Congresso do Pinus Sul Brasil, realizado em Lages, em março de 2023.
A madeira é um dos setores mais importantes da cadeia Agroindustrial Catarinense que consegue estabelecer uma boa relação entre bem-estar e produtividade, conservação dos recursos naturais e benefícios econômicos.
O setor madeireiro responde por mais de 100 mil empregos e as florestas plantadas contribuem para o sequestro de carbono (Retirada de gás carbônico (CO2) da atmosfera para transformá-lo em oxigênio. Esse processo é feito naturalmente pelo solo, florestas e oceanos.) É na Serra Catarinense onde estão localizadas as maiores florestas plantadas.
Com informação da CNN/ ACR/ GOV-SC
Foto: queimada no amazonia
Crédito: Nilmar Lage / Greenpeace / Divulgação
Legenda: A exemplo de 2023, as queimadas batem recorde na Amazônia
Foto: RPPN Klabin
Crédito: Marcelo Hübel / Divulgação
Legenda: Um bom exemplo é a Klabin que mantém na Serra Catarinense a RPPN Serra da Farofa
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