Moradores do Coral e CDL Lages aprovam projeto de revitalização da praça da Paróquia do Rosário |
-
Mauro Maciel
Altenir Agostini, gerente do Sebrae para a Serra Catarinense, falou com o Folha da Serra sobre alguns dos principais programas desenvolvidos pela instituição e a atuação para minimizar os efeitos da pandemia aos empreendedores da região.
Folha da Serra_ Como tem sido a atuação do Sebrae durante a pandemia? Foi criado algum programa específico para ajudar as empresas nesse período?
Altenir Agostini_ A pandemia impactou a todos. Inclusive o Sebrae. Em dois dias tivemos de passar de uma operação que era, basicamente, presencial, para uma operação 100% digital. Hoje estamos trabalhando de maneira mista.
O Sebrae se preocupou desde o começo em dar o suporte inicial às dúvidas que os empresários tinham no começo, como quais são os protocolos para a minha atividade, o que faço com meus funcionários, como funcionam as políticas públicas lançadas no início da pandemia para reduzir emprego, fornecendo linhas de crédito em valores menores. O Sebrae, em parceria com a Caixa e o Banco do Brasil, ajudou a montar um fundo que desse parte das garantias para os pequenos negócios. Tivemos uma espécie de operação de guerra para dar esse suporte e todas as informações e orientações para que o empresário pudesse passar por aquele momento mais complicado. A gente percebe que, mesmo a pandemia continuando, os empresários conseguiram passar por aqueles momentos. Alguns com mais dificuldades, alguns fecharam, mas alguns conseguiram redesenhar o seu negócio e, a partir das oportunidades que a pandemia também trouxe, continuar tocando a vida.
Houve a criação de algum programa específico para ajudar essas empresas?
O Sebrae lançou algumas iniciativas para alguns segmentos, principalmente aqueles que tiveram maior impacto, como turismo, alimentação fora do lar, confecção e moda. Para esses, o Sebrae lançou o Programa Retoma Santa Catarina e uma série de ações que a gente levou a esses empresários: consultorias, capacitações, orientações, de maneira gratuita.
Nesse período, muitas pessoas perderam o emprego. Abrir uma empresa foi uma alternativa?
Percebemos claramente um movimento nesse sentido. À medida que, principalmente no início da pandemia, as demissões começaram, começou, também, no sentido inverso, a criação de pequenos negócios, principalmente na figura do Microempreendedor Individual (MEI). As pessoas perderam seus empregos, precisavam empreender e buscaram na figura do Microempreendedor Individual, que é uma condição facilitada de montar um negócio, desburocratizada, mais barata, começar alguma atividade. À medida que a economia começou a se recuperar, a gente percebeu que alguns desses negócios fecharam e as pessoas voltaram à atividade que tinham anteriormente. Mas muitos desses negócios começaram meio que por necessidade e acabaram se tornando negócios que tiveram sucesso.
Gostaria que o senhor falasse do Programa Cidade empreendedora, do qual Bom Jardim da Serra e Otacílio Costa já aderiram. O que é e como funciona este programa?
É um conjunto de ações que o Sebrae oferece para ser implementado no município. Parte de uma premissa que tem de ser uma ação que a prefeitura deseje realmente implementar porque têm ações que acontecem da porta para dentro da prefeitura e têm ações que acontecem da porta para fora da prefeitura.
O objetivo final é melhorar o ambiente de negócios. Facilitar a vida de quem tem um negócio ou quem quer ter um negócio. Com esse incentivo ao empreendedorismo local, fazer com que os municípios tenham melhores resultados, que as empresas tenham melhores resultados e se consiga qualidade de vida melhor.
São 24 meses de atuação, cerca de 40 ações que trabalham desde a preparação das lideranças do município para essa visão de transformar a cidade em uma cidade empreendedora.
Temos questões relacionadas à desburocratização. Facilitar a abertura, o fechamento e todo esse trabalho burocrático que toma muito tempo de empresário. E, principalmente para os pequenos negócios, o empreendedor ´é quem compra, quem vende, faz a entrega, vai no banco... E cada vez que a gente tira o empreendedor da atividade dele, está deixando de faturar. Esses processos de regulamentação, de abertura, precisam ser mais simplificados. O Programa Cidade Empreendedora atua nessa área.
A gente monta, nos municípios que aderem ao programa, uma Sala do Empreendedor. É um espaço onde tudo o que o empresário ou o empreendedor precisa, vai encontrar ali. Onde vai obter respostas, soluções.
A gente tem um trabalho sobre compras governamentais. Que é usar o poder de compras do município, para alavancar a economia local. A gente pega um plano anual de compras, que é a relação de tudo o que o município comprou no ano anterior e a gente vai observar o que pode ser comprado no município.
E se não tem fornecedor no município, o que pode se transformar em uma oportunidade de negócios que já começa tendo o município como cliente. Isso acontece muito nos municípios da região.
A soma dessas ações consegue repercutir na economia local. Por menor que seja um município, ele tem um volume muito grande de compras durante o ano. Se for considerar tudo isso, dá um valor bastante considerável.
O último desses eixos é a educação empreendedora. Levar empreendedorismo para as crianças, nas escolas do município. Capacitamos os professores, capacitamos os alunos. E começa, desde a criança de seis anos de idade, lá do primeiro ano do ensino fundamental, a receber alguns conceitos de empreendedorismo, através de uma linguagem e metodologia adequadas. A criança começa a vida sabendo que precisa fazer bem-feito, com qualidade, ter horário, ser protagonista. Se conseguirmos implantar isso por nove anos, num ciclo de ensino fundamental, imagine que jovens vamos ter na sociedade. O objetivo deste trabalho é que se tenham jovens mais preparados para a vida em comunidade, que assumam suas responsabilidades, que saibam que podem ser protagonistas de suas vidas.
Este é o desenho do Cidade Empreendedora, e estamos visitando os municípios da região. É uma espécie de sociedade entre as prefeituras e o Sebrae. Para os municípios com IDH menor, o Sebrae vai aportar 70% dos custos desse programa.
Como funciona o SebraeTec e para quem é dirigido?
O SebraeTec tem uma linha de recursos para apoiar a inovação em pequenos negócios. Urbanos ou rurais. E essa foi uma ação que o Sebrae intensificou durante a pandemia. O orçamento foi ampliado. Essa intervenção é feita diretamente na empresa e dá resultados a curto prazo. Às vezes, as empresas pensam que a inovação está muito ligada à tecnologia, computadores. Inovação, por exemplo, é aquela empresa que não tem venda online e começa a ter. É rever os processos de uma pequena indústria, para saber onde tem alguns gargalos que ela pode produzir mais rápido, com menor custo, com menores desperdícios.
Em Curitibanos, um projeto que é pioneiro no país, é o melhoramento genético das sementes de alho. Tem um grupo de 10 produtores. A Universidade Federal é parceira do Sebrae. Com a seleção das melhores plantas de cada lavoura, faz a clonagem dessas plantas e, na safra que vem, os produtores vão plantar as sementes clonadas dessas plantas.
Com essa ação, a gente pretende, no mínimo, aumento de 20% na produtividade.
Acompanhe a íntegra desta entrevista nas nossas redes sociais
https://www.instagram.com/?hl=pt-br
https://www.facebook.com/folhadaserrasc
Foto: Altenir Sebrae
Crédito: Mauro Maciel
Deixe seu comentário