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Após mais de dois anos de portas fechadas, o Teatro Marajoara, um dos principais símbolos culturais de Lages, está prestes a reabrir em grande estilo. A reestruturação do espaço foi fruto de um esforço coletivo entre a Somar Produções e a Mário Leopoldo dos Santos Empreendimentos, com apoio decisivo de empresas da cidade via leis de incentivo à cultura.
A expectativa é que o equipamento cultural volte a receber o público ainda no segundo semestre de 2025, com uma proposta de gestão moderna, acessível e voltada à valorização do artista local.
O fechamento do teatro, ocorrido em 2022, gerou grande repercussão em todo o Estado. A então conselheira estadual de cultura, Layla Cristina Campos se sentiu motivada a agir. “A gente se viu na obrigação de entender os dois lados da história”, relembra. Em diálogo com os proprietários do espaço, nasceu a ideia de buscar uma nova forma de gestão, menos dependente do poder público e mais sustentável a longo prazo.
A Somar Produções, empresa de Layla, escreveu os projetos culturais que viabilizaram o fomento e a manutenção do teatro, por meio do Programa de Incentivo à Cultura (PIC), do Governo de Santa Catarina; e da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet).
Empresas lageanas como Disauto, GTS e Polpa Madeiras foram as patrocinadoras responsáveis pelos aportes financeiros via renúncia fiscal. “É um projeto feito por lageanos, com apoio de empresas lageanas, voltado para a valorização da nossa cultura”, ressalta Layla.
Além de restauros fundamentais em acessibilidade, elétrica e combate a incêndio — realizados pela Mário Leopoldo dos Santos Empreendimentos —, a Somar Produções ficou responsável pela reforma dos camarins, banheiros, pintura geral e pela modernização dos sistemas de palco, som e iluminação.
“Queremos entregar um espaço mais funcional, mas sem perder as características originais do prédio tombado”, explica a produtora. Para isso, houve acompanhamento de órgãos como o Ministério Público, Seplan e Fundação Cultural de Lages.
O novo Marajoara terá capacidade ampliada para 514 pessoas, sistema de ingressos on-line, cadeiras marcadas e uso ampliado da área de entrada do teatro. “A gente quer que o público veja que aqui acontece alguma coisa”, destaca. Está prevista ainda a criação de um espaço alternativo nos fundos, com salas para reuniões, pequenas apresentações e camarins amplos, além da realização de oficinas de música e teatro com professores contratados pelos projetos.
Mesmo sem data oficial de reabertura — já que o espaço aguarda a emissão dos alvarás de funcionamento —, a estrutura física está cerca de 70% concluída. “As obras estão na reta final. Quando os alvarás saírem, abriremos as portas”, afirma Layla. A estreia, garante ela, será com a Orquestra Sinfônica de Lages.

A agenda, mesmo antes da abertura, já está movimentada: ao menos seis eventos estão pré-agendados para os próximos meses. E a nova proposta de gestão inclui locações com valores acessíveis, mas com responsabilidade técnica e legal.
“Tudo será feito com contrato, com organização, e respeitando os limites legais de ocupação e segurança”, reforça.
O projeto prevê ainda ações contínuas de fomento à produção local. Artistas, artesãos e músicos poderão se inscrever para usar os espaços e receber cachês para suas apresentações. “É uma forma de dar vida ao teatro todos os dias, não apenas nos grandes espetáculos”, destaca Laila.
O retorno do Teatro Marajoara não representa apenas a reabertura de um espaço físico, mas o resgate simbólico de um patrimônio cultural da cidade, agora com nova proposta de gestão e de futuro. “O mais difícil foi tirar o projeto do papel. Mas o importante é que agora ele é real. E que ele nunca mais feche”, finaliza.
Fotos: Redação Folha da Serra
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