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Administração de Lages

Polese diz que planejamento permanece, mas muda-se a forma de fazer

  • Paulo Marques/PML

O prefeito em exercício diz que na primeira administração Ceron/Polese, de 2017 a 2020, 90% do planejamento foi executado

Com o afastamento do titular, Antonio Ceron, Juliano Polese, que é o vice, responde como prefeito interino do município de Lages, o maior da Serra Catarinense. Não sabe por quanto tempo ficará no cargo, garante que seguirá o plano de governo, mas quer impor sua forma de conduzir as coisas, administrando mais perto da população. Em linhas gerais, diz que a economia vai bem e várias obras estão em execução. Porém, nem tudo são flores. A queda da arrecadação preocupa e o Governo do Estado suspendeu o repasse de recursos para obras já iniciadas. A entrevista a seguir foi feita no dia 13 deste mês.  

Formado em administração, Polese explica que há um planejamento para os quatro anos de gestão. “O planejamento não muda. Muda o jeito de fazer porque são pessoas diferentes no comando e cada um tem o seu estilo, sua forma de conduzir. Sou formado em administração, acredito muito nos indicadores de desempenho, nas metas, e é desta forma que eu procuro fazer essa gestão.”

Ele comenta que na primeira administração Ceron/Polese, de 2017 a 2020, 90% do planejamento foi executado, o que deu credibilidade para apresentar um novo plano nas eleições. Nesta gestão, transcorridos 50% do tempo, 66% das ações previstas já foram feitas. Para ele, o terceiro ano de governo, que é este, é o melhor. Mas 2024 será complicado em função das eleições e das limitações impostas pela legislação.   

“É claro que o planejamento está sempre em mutação, porque a cidade é um corpo vivo, seja pela pavimentação de uma rua, pela instalação de uma nova empresa que acaba interferindo nas questões de mobilidade em seu entorno. Tudo isso é observado, para que possamos cumprir o planejado e atender novas necessidades que vão surgindo.” 


Quando se atende uma necessidade, surge outra

Como premissa, Juliano Polese defende que quanto mais próximo das pessoas, maior a condição de entender a real necessidade e definir prioridades corretas. “Se você fica mais em gabinete recebendo demandas, muitas vezes essas informações são influenciadas por interesses de quem as traz. Sempre que posso, acompanho as ações da prefeitura e em cada gestão fazemos reuniões com presidentes de bairros.”

Na última reunião, ele explica que fez uma prestação de contas do que foi executado no primeiro mandato. Porque quando se atende uma necessidade, um pedido daquele bairro, outro entra no lugar. “É igual cadeira de vereador, nunca fica vazia. Você faz o asfalto, vem a necessidade da lombada. Faz a lombada eles pedem uma faixa elevada e assim vai. Isso é natural. O que a gente precisa é ter essa proximidade.” 

Outra forma de atender a comunidade é pelo aplicativo +Lages, que visa aproximar sem interlocutores a comunidade da administração. Inicialmente, Juliano diz não ser possível,  mas entre 60 e 90 dias, com um volume maior de pedidos, a prefeitura poderá alocar pessoal e equipamentos para atender todas as demandas de uma determinada região da cidade. Ou seja, otimizando a estrutura resolverá vários problemas apontados pela população.  


O grande impacto da Ponte Grande

Considerada uma obra bastante difícil, o Complexo Ponte Grande é orçado em R$ 57 milhões, sem a possibilidade de correção de valor, apesar dos trabalhos terem iniciado há mais de uma década. O dinheiro fica com o Governo Federal, que vai liberando gradualmente. “O grande impacto na vida das pessoas é o saneamento básico, que vai atender a 13 bairros. Vai melhorar a saúde. Tivemos todas as dificuldades neste processo, mas o que importa é que está praticamente pronta a parte de saneamento do Guarujá ao Caça e Tiro, a Estação de Tratamento de Esgoto no Caça e Tiro (ETE 3) foi testada, faltam alguns reparos finais. Já tinha a ETE 1 e a ETE 2, mas como o volume de esgoto a ser tratado será maior, implantamos a terceira estação,” detalha.

A obra de algumas elevatórias estão em acabamento. São elas que fazem o trabalho de recalque bombeando o esgoto em pontos onde não é possível fazer com a gravidade. Sem elas, a tubulação precisaria ser bem mais profunda e a obra mais cara. A empresa está concluindo essa parte de saneamento. A ETE 3 deve operar a partir de junho. 

Agora, como diz Juliano, vem a etapa que dá visibilidade para a obra que é a urbanização, que é o pavimento, praça linear, ciclofaixa, toda a estrutura que vai mudar o eixo da cidade. Quem vem pela BR-282 deve entrar pelo viaduto da Ponte Grande, desafogando as Avenidas Luis de Camões e Duque de Caxias. A tendência para todo mundo que vem em direção à região Sul é utilizar essa via. 

Etapa zero - do Condomínio Ponte Grande até na ponte, foi executada com equipe própria da prefeitura, porque a Caixa Econômica Federal só liberava os imóveis se houvesse o acesso pavimentado.

Etapa 1 - Da Avenida Castelo Branco até a ponte do Caça e Tiro, na primeira licitação não teve ninguém habilitado. Deu licitação deserta. Nova licitação será feita dia 17 deste mês.

Etapa 2 - Da Avenida Presidente Vargas até a Avenida Castelo Branco - A empresa vencedora tem um ano para fazer e as obras estão andando bem, diz Juliano.

Etapa 3 - Da Avenida Presidente Vargas até a BR-282 - “Estamos trabalhando para concluir o projeto até o mês de maio em condições de licitação. Tudo correndo bem, estaremos com as três etapas concluídas até o final do próximo ano. Cada trecho tem custo médio de R$ 8 milhões, sendo R$ 2 milhões de contrapartida do município.”


Obras paradas

O Governo do Estado de Santa Catarina suspendeu o repasse de obras para os municípios. Está revendo os contratos, principalmente os do Plano 1000, iniciados na gestão de Carlos Moisés. Lages possui dois conjuntos de obras. Um do primeiro projeto liberado que previa R$ 32 milhões de investimentos e outro do Plano 1000. Existem obras executadas e pendentes em ambos os projetos. 

“Conversei com o deputado Marcius Machado e com a secretária de Estado de Saúde, Carmen Zanotto, para nos auxiliar na liberação de verbas para alguns projetos.” Juliano cita o caso da Rua Independência que não é do Plano 1000.  “A comunidade andou pra trás. Tinha lajota e agora está em chão batido. A última parcela de R$ 1.080.000,00 não veio e a gente não consegue concluir.” 

Do Plano Mil, a parte não pavimentada da Avenida Carahá tem dinheiro da conta e a obra está andando. A Antonio Ribeiro dos Santos, o final da Cirilo até o trilho de trem são obras concluídas. A terceira obra é a revitalização de toda a extensão da Carahá, que nem foi iniciada. “A que não começou a gente pode esperar. O problema é como no caso da Rua Independência ou da Eleodoro Muniz, na Àrea Industrial, que está pronta para receber o asfalto.”  


Cirurgias eletivas, demanda é bem maior

“Participamos ativamente do processo. Fizemos uma reunião só de prefeituras, alertando sobre algumas situações em relação ao critério utilizado. Nós temos alguns problemas na Serra Catarinense que são diferentes das outras regiões. Temos muitas pessoas na fila das cirurgias e muito mais pessoas que ainda não chegaram na fila. Porque estão esperando avaliação do médico cirurgião via consulta.” 

Os hospitais, segundo Juliano, não estão fornecendo número suficiente de consultas para essa fila andar. Na região, cerca de nove mil pessoas aguardam por consulta. Ou seja, no total mais de 12 mil pessoas precisam de cirurgia eletiva. “Estamos colaborando com o Governo do Estado para que não se iluda que é só 100 mil pessoas em todo o estado.”. 


Plano B é prefeitura fazer a Festa do Pinhão

Na primeira licitação para contratar empresa para realizar a Festa Nacional do Pinhão deste ano, duas empresas compareceram, mas nenhuma foi habilitada por falta de documentos. Uma com proposta abaixo do mínimo previsto em edital e a outra porque não comprovou a capacidade técnica.

A Fundação Cultural de Lages reeditou o certame, que deve ter mais interessadas. “Houve um boato que muitas não participaram, porque acreditavam que o resultado da licitação estava direcionado. O resultado mostrou que não havia esse suposto direcionamento,” afirma Juliano, lamentando esse tipo de situação. 

Na segunda licitação, caso nenhuma empresa seja credenciada, existe a possibilidade da  prefeitura fazer uma festa mais enxuta para não deixar passar em branco a data. “Torço que uma empresa vença, porque essa festa é muito importante para Lages e para a região.”


Empresas estão ampliando

“Vivemos um momento muito bom desde a vinda da Berneck. A Revista Exame colocou Lages entre as cinco melhores do Brasil para se investir em educação. Isso reflete na realidade. Os colégios Objetivo e COC estão investindo em novas unidades. Isso demonstra, na prática, que o estudo tem fundamento.”

O estudo da Exame também destaca o agronegócio. “Temos a Copercampos e a Copérdia se instalando na região dos Índios. Temos a Topigs Norsvin, empresa internacional que fará a produção de matrizes suínas. Ela já começou as obras na Coxilha Rica e vai desenvolver um novo nicho de mercado.” 

Juliano comenta que a Berneck já está operando e que Klabin e a Vossko vão expandir. A JBS ampliou. A unidade de Lages se tornou referência nacional na produção de massas. A GTS continua ampliando com mais três unidades, O Myatã instalou uma nova loja na Avenida das Torres e o Maxxi está ampliando.


Arrecadação caiu

A exemplo do que ocorreu em todo o Brasil, a arrecadação de Lages caiu em janeiro. No ICMS, principal tributo, a redução foi de 19% em relação a janeiro de 2022. Juliano comenta que Santa Catarina arrecadou muito em 2021 e o governo do estado jogou parte dessa arrecadação para os primeiros meses de 2022. Descontados esses valores transferidos, a queda de arrecadação fica em 8%, menor, mas significativa.

O problema é que a tendência permanece negativa para os próximos meses. Polese designou que o novo secretário de Administração, Alexandre dos Santos Martins, faça um levantamento completo da situação para que o planejamento possa ser ajustado à nova realidade. 

“Precisamos fazer mais com menos. Tivemos a redução de ICMS dos combustíveis e da energia elétrica, que impactou muito nos municípios. Vamos ver se o governo do estado vai fazer o que outros fizeram, que é entrar na Justiça pedindo reembolso das perdas causadas por decisões federais. Os municípios recebem menos, mas continuam com os mesmo custos para realizar os serviços à população.” 


Próximas eleições

Questionado sobre política, Juliano Polese afirma que está focado 100% na administração. Como já anunciou que seria candidato em 2024, essa situação, mesmo que temporária, pode pavimentar sua candidatura, dependendo dos resultados obtidos frente à prefeitura. 

O último prefeito eleito em Lages pelo PP foi em 2008,  Renato Nunes de Oliveira. Na verdade, Renatinho assumiu a prefeitura em 2006, quando Raimundo Colombo foi eleito senador.


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