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Solidariedade

Para idosos que vivem em asilos, receber visitas significa ter contato com o mundo exterior

  • Lizzi Borges/Catarinas Comunicação

Em Lages, Senai promove atividades e visitas de jovens ao Asilo Vicentino. A proposta é levar alegria e companhia para os idosos e desenvolver nos mais jovens sentimentos de empatia, paciência e gratidão.

Poderia ser só mais um dia normal na vida dos idosos que moram no Asilo Vicentino, em Lages. Mas, quando 15 jovens estudantes do Senai adentraram as portas do asilo, foram recebidos por olhares calejados pelo tempo, mas que ainda brilham depois de presenciarem décadas de mudanças. Seus corações ainda pulsam cheios de desejos.

“Estar aqui foi muito especial. Conversar com os idosos, ver que cada um tem uma história de vida, uma visão de mundo, é muito interessante. Muito gratificante ter participado desse momento", conta a estudante do curso técnico administrativo, Luiza do Santos Coelho, de 18 anos.

Cada idoso é um livro vivo, esperando ser lido e apreciado. Aos 85 anos, a agricultora Otília Nandi, moradora do asilo há um ano e meio, se emociona ao contar sobre sua trajetória de vida

 Ela formou uma grande família, casou e teve oito filhos, destes, seis ainda são vivos. Chora ao falar da perda dos filhos, uma menina com três meses de idade e um jovem aos 18 anos. “Me desesperei quando perdi meu filho, meu companheiro”.

Contrariando os filhos, ela conta que tomou a decisão de morar no asilo porque eles precisam trabalhar. Mas, chega o fim de semana ela vai passear na casa deles.

“Todo fim de semana eles me buscam, fazem de tudo para me agradar, mas sou feliz aqui com minhas amigas e adoro quando recebemos visitas”.

Ao completar 91 anos, a cabeleireira aposentada, Terezinha Oliveira Branco, tomou a decisão: Vou morar no Asilo Vicentino. Ela não casou, nem teve filhos e decidiu que não queria mais viver sozinha.

Conta orgulhosa que trabalhou como cabeleireira por mais de 50 anos, depois, a idade não permitiu mais que ela desempenhasse a função. “Eu cortava cabelo, encrespava, pintava, fazia penteado, aqueles penteados bem antigos”, relembra.

Dona Terezinha já conhecia o asilo, diz estar gostando de morar ali. “Ah, não gosto de ficar sozinha e aqui sempre tem bastante gente, muitas amigas, recebemos visitas como essa de hoje que faz a gente renovar a cabeça. E espero ficar aqui por muito tempo ainda”, sorri.

As visitas a asilos têm um impacto profundo, tanto nos idosos quanto nos visitantes. Para os idosos, essas visitas representam uma conexão com o mundo exterior que, muitas vezes, está distante demais.

Uma oportunidade para compartilhar suas experiências e a sabedoria adquirida ao longo da vida. Muitos idosos têm histórias incríveis para contar, e, às vezes, só precisam de alguém disposto a ouvir.

“Eu tirava leite da vaca, plantava batatinha, feijão, tirava pinhão, criava galinha, marreco no sítio, e cuidava de um pomar de maçã. Sempre tinha algo para fazer”, conta o agricultor aposentado Edega Alves Vieira, de 67 anos, morador do asilo há três.

Tantas lembranças…Ele acordava cedo para tirar o leite, aproveitava para levar a caneca com café para colocar o leite direto da vaca, o chamado “camargo”. “Às vezes visito meus parentes, irmãos e sobrinhos. É a vida levando e a gente levando a vida. É assim”.

Visitar os idosos em asilos é um gesto que transcende as fronteiras do tempo e da geração, estabelecendo uma ponte entre o passado e o presente.

"Uma lembrança de que todos, com o passar dos anos, trilharão o mesmo caminho, desenhando rugas no rosto, carregando histórias na memória. Os alunos trouxeram jogos interativos como dominó, damas, xadrez, cartas, fizeram desenhos, conversaram. A proposta era fazer uma tarde diferente. Trazer alegria e distração para os idosos e fazer com que os jovens vivenciem essa realidade, porque um dia, no futuro, eles vão chegar lá. Um momento para nos doarmos um pouquinho. Essas visitas nos ensinam sobre empatia, paciência e gratidão, e nos lembram de valorizar cada momento que temos ao lado de nossos entes queridos”, destaca Sandra Goulart, responsável pela área de Responsabilidade Social da Fiesc na Serra Catarinense.

Os materiais foram doados aos idosos pela empresa lageana IOB Artepinus, que fabrica mais de 200 tipos diferentes de brinquedos pedagógicos feitos de madeira.


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