<
logo RCN
Estudo

Enchentes em Lages: solução pode estar no Rio Caveiras

  • Gugu Garcia

A exemplo de outros municípios catarinenses, nos últimos meses, Lages registrou várias ocorrências de enxurradas e enchentes, principalmente relacionadas ao Rio Carahá, que corta o perímetro urbano da cidade.

A retificação do fundo do Rio Caveiras e a implantação de uma barragem no local conhecido como Garganta do Diabo são alternativas sugeridas pelo engenheiro Sérgio Todeschini para mitigar os problemas. 

Entre idas e vindas, Todeschini está há mais de 20 anos na Prefeitura de Lages, não se considera um especialista em hidrologia (ciência que estuda a circulação, a distribuição e as diferentes formas de água), mas vivenciou a implantação de várias ações que minimizaram os problemas.

“Sou apenas um curioso. Mas acredito que contratando-se especialistas, muito pode ser feito para minimizar os problemas de enchentes.”

É de conhecimento geral que o Rio Caveiras represa as águas do Carahá provocando os alagamentos. Apontando o mapa, na tela do computador, Todeschini mostra que da foz do Rio Carahá, até a Fazenda Asa Verde, num percurso aproximado de sete quilômetros, o Rio Caveiras tem apenas 50 centímetros de queda, quase nada.

Tanto que a água é quase parada. Esse fator foi confirmado por batimetria (estudo que analisa a topografia do fundo do rio). “Depois da fazenda, tem 10 metros de queda até chegar à barragem do Salto Caveiras. Ou seja, não é aquela barragem que represa o rio.” 

A sugestão é usar dinamite para retificar o fundo do rio, acelerando a velocidade da água e, por consequência, reduzindo a resistência ao Rio Carahá. Estudo aprofundado apontaria o quanto seria necessário baixar. 

 

Barragem da Garganta do Diabo  

O primeiro projeto de uma barragem na Garganta do Diabo foi sugerido, em 2016, pelo ex-secretário de Meio Ambiente, Mushue Hampel, quando ocupava uma cadeira na Câmara de Vereadores de Lages.

Ele temia que um acidente com um caminhão na SC-114 poderia contaminar a água, que também é usada pela Ambev, o que representaria prejuízos financeiros e inviabilizaria o abastecimento da cidade. Na época a obra foi orçada em R$ 3 milhões.

Em 2019, com recursos da Prefeitura de Lages e do Ministério de Desenvolvimento Regional, o Centro Agro Veterinários (CAV/Udesc) realizou amplo estudo melhorando a ideia inicial que era apenas a de evitar contaminação da água.

O estudo analisou os rios Carahá e Caveiras com o objetivo de apontar a viabilidade de medidas para mitigar enchentes, enxurradas e inundações. 

Segundo Todeschini, o trabalho feito pelo CAV é muito bom. Apontou que a construção de uma barragem pode não ser a solução definitiva, mas a exemplo do que ocorre no Vale do Itajaí, a construção pode ser utilizada para regular a vazão do Rio Caveiras, facilitando temporariamente o escoamento das águas do Carahá. 

“A barragem pode ter várias finalidades: amenizar enchentes, captar e tratar a água para Lages e ainda gerar energia por meio de uma PCH. Esse investimento poderia ser feito via Parceria Público Privada (PPP)”, avalia o engenheiro. Todeschini comenta que atualmente a água é captada e bombeada até a estação de tratamento na Várzea. Caso o tratamento fosse implantado junto à captação, a prefeitura não precisaria gastar com energia elétrica, já que a água seria transportada pela gravidade.”

Como o estudo levantou todas as bacias de contribuição e mediu vazão de rios. Pode ser usado pela prefeitura para fazer os trabalhos de microdrenagens.

O estudo permite saber que tipo de tubulação e para onde essa tubulação será destinada até chegar ao rio. Desta forma, pode-se evitar novas regiões de alagamentos até em regiões altas que são inundadas, não em função da influência de rios e sim porque a tubulação não foi dimensionada corretamente. 


O que já foi feito


    Na gestão de Fernando Coruja (93 a 96) decidiu-se por cortar uma alça do Rio Caveiras acelerando o fluxo. Imediatamente a medida reduziu os efeitos das chuvas e as enchentes. Como, com o tempo, a cidade passou a ter mais ruas asfaltadas e mais construções que impermeabilizam o solo, a ação perdeu parte da eficiência.

    Na gestão de Raimundo Colombo (2001 a 2006) a ponte do Caça e Tiro foi elevada, uma tubulação existente na lâmina de água do Rio Carahá foi retirada, já que obstruia a passagem da água sempre que o rio enchia. Uma curva do mesmo rio também foi retificada. 

    Na gestão de Renato Nunes de Oliveira (2006 a 2012) cortou-se parcialmente outra alça do Rio Caveiras. Parcialmente, porque se manteve a vazão necessária no ponto de captação da Usina da Tractebel (Engie). O leito do Rio Carahá foi construído novamente da ponte da Habitação até a foz. O objetivo foi facilitar a entrada das águas no Rio Caveiras. O pequeno caimento no trecho de 600 metros impediu que a ação tivesse um resultado melhor. 

Clima

Os meses de outubro e novembro foram extremamente úmidos, com médias pluviométricas que bateram recorde. Meteorologistas prevêem que esse fenômeno deve persistir até maio, em função do El Niño.  

Desta forma, alternativas para se reduzir enchentes voltaram a ser discutidas em todo o estado, principalmente o uso de barragens e contenções.




Diretran instala mais 400 metros de guard rail Anterior

Diretran instala mais 400 metros de guard rail

Casa Colibri faz saquinhos de Natal Próximo

Casa Colibri faz saquinhos de Natal

Deixe seu comentário