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Desafio

Com pouco recurso, Cedup faz o melhor com o que tem

  • Mauro Maciel

Expectativa é que Estado crie uma política específica para os cedups, resolvendo, principalmente, as despesas com materiais utilizados nos cursos pós-médio

“Fazer o melhor com o que se tem”. Essa frase, muito usada em eventos motivacionais, pode facilmente ser aplicada no Cedup Renato Ramos da Silva, em Lages. Com 45 anos de existência, cerca de 1.300 alunos e uma estrutura gigantesca, ele é um dos maiores de Santa Catarina e já formou milhares de profissionais nas mais diferentes áreas. Mas nem tudo são flores. Os recursos financeiros sequer cobrem as despesas de manutenção e custeio, exigindo muita habilidade dos gestores. O problema é antigo e a esperança é que o atual Governo do Estado crie uma política específica para os cedups, resolvendo, principalmente, as despesas com materiais utilizados nos cursos pós-médio. Reunião neste sentido foi realizada em Florianópolis. 

Referência em cursos técnicos, o Cedup possui 8 cursos de pós-médio (para quem já concluiu o ensino médio): Administração, Contabilidade, Edificações, Saúde Bucal, Segurança no Trabalho, Enfermagem, Informática e Análises Químicas. Além disso, 18 turmas de novo ensino médio, 10 turmas de primeiros anos, 8 turmas de segundas-séries e 5 turmas de terceiras séries. Essas cinco turmas são de ensino integrado ao profissionalizante. Os alunos permanecem o dia todo na escola. Para atendê-los, além das salas de aula, o Cedup mantém vários espaços alternativos de recreação e entretenimento. 

As verbas destinadas atualmente pelo Governo do Estado têm foco no ensino médio. É o que explica a assessora pedagógica, Rita de Cássia Nunes Ataide. Mesmo assim, o valor não cobre todas as despesas da estrutura. “O governo paga a manutenção do prédio, professores, funcionários e alimentação. No caso dos cursos pós-médio, a verba cobre despesas com professores. Não há recursos para adquirir os materiais utilizados nas aulas.”

Fato positivo apontado por Rita, é que os alunos do pós-médio também se alimentam no Cedup, já que a maioria sai direto do trabalho para a escola. 


Falta material para as aulas práticas

“Temos um laboratório de Técnicas de Saúde Bucal, que é o único do estado. Mas para manter o material dentário é muito caro. Os nossos professores trazem dos consultórios alguns materiais para que possam fazer as aulas de forma expositiva. O ideal é que cada aluno pudesse manusear o material. Mas não tem,” lamenta Rita ao citar esse laboratório como exemplo. 

O curso de enfermagem está na mesma situação. Seringas, agulhas, pijamas cirúrgicos, luvas e máscaras…Tudo é descartável. Esse material é necessário em sala de aula e também nos períodos de estágio. Inclusive o curso de enfermagem é o único pós-médio realizado durante às tardes. Os demais são à noite. 


Contribuição espontânea

Em 2018 o problema da falta de recursos foi levado ao Ministério Público. Na época, os gestores do Cedup comprovaram as despesas. Desde então, alunos do pós-médio são motivados a pagar uma contribuição espontânea. O valor difere de acordo com o custo de material utilizado em cada curso. 

Um dos mais baratos é o de contabilidade onde a contribuição é de R$ 200,00 para o curso todo. O mais alto é o da enfermagem, R$ 900,00 para um ano e meio de curso. “A gente esclarece sobre a necessidade, mas paga quem pode e quem quer. Não é uma mensalidade. O aluno pode pagar ao longo do período do curso. Caso não pague, poderá frequentar as aulas normalmente,” esclarece a assessora pedagógica.

Ao iniciar o curso, muitos alunos estão desempregados e não têm como contribuir. Quem contribui, recebe um recibo e todos os gastos são comprovados de forma transparente pela gestão do Cedup. Como os valores não são iguais a cada mês, a direção faz o que pode para manter os cursos funcionando com o mínimo necessário. 


Apoio

Associação de Pais e Professores, Conselho Deliberativo e Grêmio Estudantil. São entidades que nos auxiliam na gestão. No início do ano, o Cedup reuniu os alunos e explicou que a contribuição, de fato, é aplicada com eles. Existe um processo de prestação de contas. “Nosso cursos são referências no mercado. Precisamos desses materiais para manter a qualidade.” 

No ensino médio a contribuição é rara por parte dos alunos que fazem cursos técnicos. Existe uma cultura que tudo precisa ser gratuito. Muitas vezes, o Cedup precisa fazer bingos para realizar pequenos reparos na estrutura.


Expectativa é positiva

“A proposta do governador Jorginho Mello é investir nos técnicos. Espero que se confirme, principalmente porque a nossa região tem um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) muito baixo e esses cursos abrem as portas para o mercado de trabalho. O Cedup é referência e as pessoas buscam essa instituição com o objetivo de conseguir uma vaga de emprego, ” comenta Rita. 

Ao mostrar as salas, ela comenta que o Governo do Estado entregou lousas digitais que são conectadas aos computadores dos professores facilitando muito a realização das aulas. 

Outra expectativa é em relação a reforma do prédio que apresenta vários problemas de infiltração. 


Estrutura gigante

Além dos laboratórios e salas de aula, o Cedup Renato Ramos da Silva possui auditório, campo de futebol, ginásio de esportes, horta, sala de jogos, refeitório e espaços de entretenimento e lazer. 


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