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Em cinco anos, SC perdeu 72,3 mil hectares de florestas plantadas

  • Reunião da Câmara de Desenvolvimento da Indústria Florestal

Somente na Serra Catarinense, nos últimos cinco anos, 18 mil hectares deixaram de ser utilizados para a produção de florestas (pinus e eucalipto), área que equivale a 18 mil campos de futebol. No mesmo período, em Santa Catarina, a redução foi de 72,3 mil hectares, situação que deixa em alerta indústrias do setor florestal, um dos principais do estado. Empresas e governo buscam alternativas para incentivar o plantio, principalmente porque as florestas têm um ciclo que gira entre 15 a 18 anos para estarem em ponto de corte.

Esse foi o tema da reunião da Câmara de Desenvolvimento da Indústria Florestal, que contou com a presença do secretário de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Altair Silva, e do presidente da Fiesc, Mario Aguiar.

"Há uma vontade do Governo do Estado de apoiar o setor florestal para mantermos a competitividade da nossa indústria de papel, celulose e moveleira. Nós temos um conjunto de ideias que podem fazer a diferença para o setor produtivo e precisamos transformar isso em ação. O primeiro passo é o produtor ter segurança do retorno do investimento. Há espaço para crescermos de forma sustentável", destacou o secretário Altair Silva.

Segundo o diretor de Inovação e Competitividade da Fiesc, José Eduardo Fiates, Santa Catarina pode avançar em algumas questões, como ampliar a produção em pequenas propriedades, criar instrumentos financeiros para estimular o cultivo e a gestão de florestas, além de investimento em tecnologia para o estudo de mudas e espécies adequadas ao solo e clima do estado.

Durante a reunião ficou acordado que os membros da Câmara de Desenvolvimento da Indústria Florestal irão elaborar um documento com sugestões de políticas e medidas que podem ser adotadas para melhorar a competitividade do setor produtivo em Santa Catarina. "O setor florestal é fundamental para a economia de Santa Catarina. Precisamos criar mecanismos inteligentes para incentivar o plantio de florestas e a continuidade do setor produtivo", ressalta o presidente da Fiesc, Mario Aguiar.


Números do setor

Santa Catarina é o maior produtor e exportador de madeira serrada do Brasil e o quinto maior estado com base florestal plantada. Em 2020, os produtos florestais responderam por 18,7% do total de exportações do estado, com US$ 1,52 bilhão de faturamento. A indústria florestal catarinense gera cerca de 90 mil empregos diretos e conta com 16 mil produtores de pinus.


Santa Catarina

Estudo contratado pela ACR e desenvolvido em 2019 pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC-CAV) identifica que o estado de Santa Catarina possui área total com florestas plantadas de 828,9 mil hectares. Desta totalidade, a grande maioria ou 67% (553,6 mil hectares) com Pinus e cerca de 33% (275,3 mil hectares) com Eucalyptus.

O Pinus adaptou-se ao estado de Santa Catarina devido às condições edafoclimáticas serem favoráveis para o seu desenvolvimento. Santa Catarina mantém-se no ranking dos estados com maior área plantada com a espécie. Porém, o patamar da área plantada com Pinus apresenta tendência de manutenção à queda. Isso se deve principalmente pelos poucos investimentos industriais associados à indústria consumidora deste grupo de espécie no estado. Grande parte da base florestal plantada de Santa Catarina está concentrada em empresas integradas verticalmente, garantindo o abastecimento de matéria-prima em seus processos industriais.

Os plantios com Pinus e Eucalyptus no estado estão concentrados principalmente na região serrana, com destaque para os municípios de Santa Cecília, Lages e Otacílio Costa, que juntos detém cerca de 90 mil hectares plantados, principalmente com Pinus. A região oeste (Caçador) e norte do estado (Rio Negrinho e Mafra), também sobressaem pela grande concentração de plantios florestais.

Foto: Tabela Pronta

Crédito: ACR / Divulgação


No Brasil

Em 2016, as florestas plantadas no Brasil ocupavam área total de 7,84 milhões de hectares, compostas principalmente por espécies de Eucalyptus, Pinus e outras (seringueira, acácia, teca, paricá, etc.). A participação do Eucalyptus no total de área florestal plantada nacional atingiu 72% (5,6 milhões de hectares), seguido pelo Pinus 20% (1,5 milhão de hectares) e outras espécies com 8% (59 mil hectares) - vide figura 2.01. Nos últimos anos, a área plantada com Eucalyptus tem crescido, impulsionada principalmente pelo aumento de plantio realizado pelas indústrias de papel e celulose, principalmente no estado de Mato Grosso do Sul e Maranhão. Entre 2007-16, a área plantada deste grupo de espécies cresceu 3,4% ao ano, ou seja, cerca de 1,60 milhão de hectares de plantios com Eucalyptus acrescentados à base de florestas plantadas até 2016.


Entrevista

Mauro Murara Jr, diretor executivo ACR

Folha da Serra_ A ACR está acompanhando essa situação?

Mauro Murara Jr_ Sim. Temos estudos e mapeamentos realizados com objetivo de monitorar as conversões da base florestal plantada para culturas anuais.


Qual foi a redução na Serra Catarinense?

Os números de conversão de áreas plantadas no Planalto Serrano, nos últimos cinco anos, giram em torno de 18 mil hectares.


Essa situação pode, em médio prazo, prejudicar a produção de chapas e outros produtos na Serra Catarinense?

Encaramos os prejuízos como a perda de competitividade do estado de Santa Catarina frente ao mercado mundial de produtos oriundos de florestas plantadas. A sazonalidade da cultura florestal para Pinus spp gira em torno de 15 a 18 anos.


Existe algum projeto para estimular o plantio de florestas?

Estamos elaborando um projeto em parceria com Embrapa Florestas, Fiesc, Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca de Santa Catarina e Epagri, para gerar estímulo ao plantio de florestas comerciais, tendo como os principais eixos de ação a extensão florestal e a orientação técnica para que os pequenos e médios proprietários produzam árvores multiprodutos.


O setor florestal é pujante em nossa região. Investe em tecnologia e exporta para vários países. Como a ACR analisa o futuro do setor?

O setor florestal vive um grande momento. É um grande fornecedor de matéria-prima oriunda de fontes renováveis, com excelente capacidade de sequestro e armazenamento de CO2, biodegradável, entre outros atributos positivos. O futuro do setor florestal é promissor, com expectativas de novas fronteiras mercadológicas e uma diversidade de produtos oriundos de florestas plantadas, que a cada dia aparecem e se tornam produtos ecologicamente corretos para toda população.


O valor do setor em SC

Maior produtor e exportador de madeira serrada do Brasil

Quinto maior estado com base florestal plantada.

18,7% das exportações

US$ 1,5 bilhão em faturamento

90 mil empregos diretos

16 mil produtores de pinus

Fonte: ACR Base:2020


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