logo RCN
Pandemia

Morro está fechado à visitação nesta Sexta-feira Santa

  • Mauro Maciel

As milhares de pessoas que costumam subir o Morro Grande, na Sexta-feira Santa, terão que fazer suas orações à distância. Para evitar aglomerações, o local estará fechado durante todo o dia. A determinação segue decreto estadual, com o objetivo de diminuir o contágio do coronavírus. A proibição cria um cenário bem diferente do visto até 2019, quando cerca de 80 mil pessoas participaram de um dos maiores eventos religiosos do Estado.

Este é o segundo ano que o local estará fechado ao público, na data que é considerada uma das principais do calendário bíblico. A Semana Santa tem seus pontos altos na Sexta-Feira Santa com a morte de Cristo; no Sábado de Aleluia, ressurreição e com a Páscoa, que representa a primeira aparição de Cristo após a sua ressurreição. Desta forma, o Morro Grande é visitado há anos.

Mas a presença do público se intensificou principalmente após o ano de 2000, quando foi inaugurada a escadaria Frei Silvério e tiveram início as apresentações realizadas pelo Movimento do Tabor. Desta forma, a história passou a ser contada em detalhes, cenas que emocionam o público e atraem turistas de várias cidades da Serra Catarinense e de outras regiões.

Durante o dia, missas eram rezadas ao pé da cruz e o fluxo de pessoas era intenso nas escadas ladeadas pela Via Sacra, imagens que contam o sofrimento de Cristo até a sua crucificação.

Algumas pessoas passavam praticamente o dia todo no local (morro), ótimo, em função da altura, inclusive para fazer fotos da cidade. Mas o foco geralmente era a oração e a reflexão, que norteiam o período da quaresma.

Até 2019, várias apresentações também foram realizadas nas igrejas do Navio, às margens da Avenida Dom Pedro II e também na Catedral Diocesana, a exemplo da passagem que conta como Cristo lavou os pés de seus apóstolos. Sempre essas apresentações foram acompanhadas por milhares de pessoas. Este ano, esses eventos também foram cancelados. Atualmente, as igrejas podem funcionar somente com 25% da capacidade de público.

Manutenção_ Mesmo com a proibição do acesso ao público, a Prefeitura de Lages realizou a manutenção costumeira do Morro da Cruz e de seu entorno. As ruas próximas foram roçadas e limpas, a escadaria foi limpada e várias lâmpadas trocadas, para melhorar a segurança de quem visita o local à noite. Esse trabalhos se estenderam até terça-feira desta semana.

Comércio_ A proibição da visitação, em função da pandemia, também prejudica vendedores ambulantes que exploravam a data. Nas ruas de acesso ao morro eram comercializadas velas, água, refrigerante, frutas e doces diversos. A Vigilância Sanitária fazia o cadastro dessas pessoas, fiscalizava a sanidade dos produtos e impedia a venda de bebidas alcoólicas.


Mauro Maciel


Entrevista

Hélio Furlan é um dos responsáveis pelas apresentações do Movimento do Tabor que, ao longo dos anos, ganharam em qualidade e infraestrutura, dignas de produções cinematográficas. Ele fala um pouco sobre a origem deste trabalho e os impactos da interrupção.


Folha da Serra_ Como surgiu a ideia de encenar a paixão e a ressurreição de Cristo?

Hélio Furlan_ Já é uma tradição de muitas décadas do povo serrano, em subir ao Morro Grande para rezar e colher macela, nas primeiras horas da manhã da Sexta-Feira Santa. Frei Silvério já fomentava orações nesse dia, desde a década de 70 do século passado. Com a construção das escadarias no ano 2000, e com a morte de Frei Silvério nesse mesmo ano, o Movimento do Tabor assumiu a responsabilidade de manter a devoção e as orações no Morro da Cruz. Dalí até hoje, houve a evolução da programação para os sete dias da Semana Santa. Através da contação, se celebra a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Foi uma evolução natural da reza da Via Sacra.


E agora, nos últimos dois anos não houve apresentação em função da pandemia. Qual é o seu sentimento?

Sentimento de vigília. Embora não se tenha podido realizar toda a programação do jeito que sempre se fez, entendemos que há lições a serem aprendidas com estes tempos tão difíceis em que passamos.


Como foi construir um dos maiores espetáculos bíblicos do País e ver o trabalho ser interrompido desta forma?

É só uma pausa! A história de Jesus e seu Evangelho são eternos. Grande mesmo é o Mistério da Morte e Ressurreição Daquele que deu a vida e a trouxe de volta, para a redenção de todos nós de todos os tempos. É grande também, nossa alegria de poder reviver esta grande verdade. Mas logo voltaremos renovados na fé e na esperança.


O grupo continua unido?

Em nenhum momento ficamos isolados na fé. Embora não nos reunimos presencialmente, mas pelos meios virtuais, estamos sempre presentes, rezando, estudando, planejando e "esperançando". O Movimento do Tabor está forte e unido. Em unidade com toda a Igreja de Jesus Cristo.


Será possível retomar as apresentações após a pandemia?

Com certeza, o "normal" estará de volta, tão logo a pandemia acabe.


Você acredita que a interrupção das apresentações e o impedimento das pessoas em subir no morro traga algum prejuízo para a prática da religião?

A religião é um ato de fé em Deus e de práticas de amor ao próximo. Embora estejamos impedidos de celebrar como sempre fazíamos, nada deve afetar nossa forma de se relacionar com Deus. Pelo contrário, devemos entender que a cruz é passagem para a ressurreição, isto é, as dores e dificuldades sempre são seguidas de vida nova. Assim que acreditamos.




Colheita da marcela é tema de documentário premiado pelo edital Chico de Assis

Cláudia Pavão

A cultura da colheita da "marcela ou macela", na Sexta-feira Santa; toda sua mística, seus usos e benefícios, são assuntos tratados no documentário "Descortinando a Mística relacionada à colheita da Marcela", viabilizado pela lei Aldir Blanc (Edital Chico de Assis- Lages), com estreia marcada para dia esta quinta-feira (1), no canal do YouTube da Nova Era TV.

A proponente do projeto, Sueli Dors (58 anos), tem relação muito forte com a arte e a tradição. Design de moda, produtora cultural, tradicionalista, ela conta que teve a ideia de produzir o documentário a partir de pesquisas feitas em parceria com a filha Priscilla Dors, doutora em solos pela Udesc.

A pesquisa, de acordo com Sueli, abrangeu a região do município de Lages e, em especial, a região da Coxilha Rica, local onde a planta é bastante usada. "A marcela é uma planta muito utilizada e também pesquisada. Sua mística é muito rica, passada de geração em geração aqui na nossa região. O projeto em forma de documentário traz um compilado de informações sobre a planta", explica Sueli.

A realização do projeto contou com o apoio de Ananda Sell, da Nova Era TV, e só foi possível por meio da Lei Aldir Blanc e do Edital Chico de Assis, da Fundação Cultural de Lages, pelo qual, projetos selecionados receberam verbas de incentivo à cultura. "Com a pandemia do novo coronavírus, o setor artístico foi muito afetado. Artistas estão enfrentando a falta de trabalho. O edital veio como forma de ajudar o setor."

Para produzir o material, Sueli explica que a equipe da Nova Era TV e todos os envolvidos no projeto tiveram de seguir, rigorosamente, os protocolos sanitários exigidos para o combate ao coronavírus.

Após a estreia, o documentário estará disponível à população no canal do YouTube e também em diversos horários na grade de programação da Nova Era TV.

Divulgação

Em 1918, prédio da Prefeitura de Lages foi usado para vacinação contra o vírus da gripe espanhola Anterior

Em 1918, prédio da Prefeitura de Lages foi usado para vacinação contra o vírus da gripe espanhola

Atividades presenciais da Escola de Artes serão retomadas na segunda-feira Próximo

Atividades presenciais da Escola de Artes serão retomadas na segunda-feira

Deixe seu comentário