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Literatura

Guille Thomazi lança segundo livro e aguarda a produção de filme do primeiro

  • Carla Reche

Guille Thomazi, 34 anos, formou-se em cinema, é empresário do ramo de biocombustíveis florestais renováveis e já escreveu dois livros, o primeiro deles, o romance Gado Novo (Ed. 7 Letras, 2013) que está prestes a ser transformado em um filme, com roteiro do premiado diretor de cinema brasileiro, Beto Brant, de Marçal Aquino e do próprio autor. 

Depois do sucesso do primeiro título, Guille está lançando Segure Minha Mão (Ed. Patuá). Foi ele quem falou com o Folha da Serras para contar um pouco da sua história e de suas obras.

Folha da Serra: Como surgiu sua vocação para a literatura?

Guille Tomazi: Sou antes de tudo leitor e sempre que pude, ao longo da vida, empregar longas horas à leitura, estudando os mais variados temas. O registro da experiência humana está nos livros. Para se conhecer o universo das pessoas e das coisas os livros são um caminho incontornável. Mas sobre a minha vocação, não sei te responder, eu trabalho muito, leio muito e, de vez em quando, escrevo livros.

Folha da Serra: Fale um pouco sobre Gado Novo, seu primeiro livro.

Guille Tomazi: É um livro narrado por cinco personagens, ao longo de dois dias, que tratam de suas vidas no cerrado mato-grossense, enquanto o leitor descobre que suas histórias estão todas interligadas, de forma consciente ou não, ao assassinato de uma menina.

Gado Novo vai virar um filme. Como está este projeto?

A produtora Drama Filmes desenvolveu o projeto que se encontra parado em função da séria crise fiscal e econômica na qual o país se encontra, algo que afeta gravemente o setor audiovisual, - Que precisa captar recursos para se financiar (contar com fundo setorial, edital de fomento, etc.), processo longo e penoso (ainda mais para um filme de valor artístico e não comercial, como é o caso de Gado Novo). No fim do ano passado, Beto Brant, o diretor, esteve no Mato Grosso do Sul com uma equipe de produção fazendo testes de câmera, drone, estudo de logística e técnicas em geral, mas de lá para cá, nada avançou. Pelo lado positivo, já temos os grandes atores Júlio Andrade e Daniel de Oliveira confirmados no elenco. Dentre outros em sondagem (uma personagem foi escrita especialmente a Dira Paes).

Sobre o que trata o segundo livro, Segure Minha Mão?

Em uma região estrangeira, no início do século XX, em um território arrasado por guerras, Olek, gago e epilético, procura pela esposa desaparecida. Deixa a filha pequena, de corpo e saúde frágeis, isolada no meio da estepe, além do alcance de qualquer mal. A chave para a salvação da criança está com a mãe, que pode estar viva ou morta. Olek segue sua jornada como um herói clássico, resiliente, cujas virtudes nunca são dobradas pelas circunstâncias. Uma ode à decência em meio à deterioração humana.

De onde surgiu essa história?

A partir de muitas e muitas leituras. Foram anos de trabalho duro e criação rigorosa. Muito estudo para apreender e depurar o espírito que eu queria criar, a ambientação e a vida interna da história. Lendo autores essenciais, de Pushkin (século XIX) a Svetlana Aleksiévitch (século XXI). Da História à Filosofia. Pesquisei muito. Busquei me familiarizar com a ambientação visual dos lugares que não conheço e criei a história calçada em minhas especulações. Não há qualquer tentativa de recriação histórica. Inventei uma guerra como pano de fundo, baseada na guerra russo-polonesa dos anos vinte do século passado. Minha intenção foi compor um livro que pudesse ter sido escrito por um contemporâneo de seus personagens.

Como foi a construção do personagem Olek, que protagoniza o romance?

Imagine ser estrangeiro, estar no meio de um país em guerra, se metendo no meio das mais cruentas batalhas, perguntando por uma mulher desaparecida. Acrescente a gagueira, com as palavras competindo com o ruído de bomba e tiro. E, de vez em quando, ocorre um ataque epilético. Este é Olek. Uso sempre símbolos e metáforas nas minhas histórias. Na bíblia, um livro profundamente simbólico e figurativo, maravilhoso sob diversas óticas, dentre elas o prisma histórico e filosófico, há a bela passagem (livro de Mateus) na qual Jesus, referindo-se àqueles que resistem e sofrem sem perder as virtudes, exaltando-lhes a resiliência moral, diz: "Vós sois o sal da terra". E Olek é o arquétipo do herói clássico, é um personagem de absoluta integridade moral, seus princípios não são alterados pelas circunstâncias brutais pelas quais é constantemente capturado. As circunstâncias não o mudam, ele é quem se adapta e altera as circunstâncias, conservando suas virtudes. Um protagonista que representa a honestidade, a bondade e a decência. Ele é o sal da terra.

Onde as pessoas podem adquirir o livro? Tem a versão digital?

Não existe, por hora, versão digital. O livro físico pode ser adquirido pela Amazon ou pelo site da editora. Em Lages, encontra-se à venda na Livraria La Fountaine, no Lages Garden Shopping. E no Google, diversos outros postos de venda online oferecem exemplares dos meus livros.

Há um projeto para uma terceira obra?

Há ideias com as quais tenho trabalhado nos últimos anos. Especificamente, três que renderiam livros distintos. Em breve, pretendo encontrar alguns momentos para me dedicar a construir o edifício de uma destas histórias. E, talvez, em uns dois anos, o livro seja lançado.

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