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Culturas de inverno

Aumento na produção de trigo se deve a incentivo ou ao mercado?

  • Ascom/SC

Neste ano, a área destinada ao trigo deve voltar ao normal na região de Campos Belo do Sul

A área plantada com trigo mais que dobrou em Santa Catarina. Entre as safras 2019/20 e 2021/22, as lavouras cresceram de 50,8 mil para 102,8 mil hectares. No mesmo período, o volume colhido saltou de 154 mil para 347 mil toneladas. Os números foram divulgados pelo Governo do Estado e são atribuídos ao resultado positivo do Projeto de Incentivo ao Plantio de Cereais de Inverno Destinados à Produção de Grãos, lançado em 2021. Mas, para o gerente da unidade da Copercampos, em Campo Belo do Sul, Jocelito Mattos, o incremento se deve ao valor de mercado, que subiu muito no ano passado estimulando a produção. 

Jocelito comenta que, no ano passado, os municípios atendidos pela cooperativa ampliaram em 50% a área plantada, atingindo 1.600 hectares. “A Ucrânia é um grande produtor mundial de trigo. A guerra com a Rússia fez o preço do grão disparar. Os agricultores ampliaram o plantio para aproveitar o preço. 

A informação de Jocelito é corroborada por pesquisa da Consultoria MLB, divulgada ano passado pela CNN. Segundo a pesquisa, o preço do trigo no Brasil subiu 130% entre janeiro de 2020 e abril de 2022. Como o grão é cultivado em julho e colhido entre final de outubro e novembro, deu tempo para que os produtores rurais mudassem de planos valorizando a produção. 


Safra será menor

Neste ano, a área destinada ao trigo deve voltar à normalidade na região de Campos Belo do Sul. Segundo o gerente da unidade da Copercampos, no município, Jocelito Mattos, deve ficar em torno de mil hectares. O clima deve contribuir para essa redução. A previsão é de tempo úmido por períodos prolongados, situação nociva à cultura. O frio intenso também afeta a cultura. 

No dia 3 deste mês, reportagem publicada no site da Epagri alertava para o problema: Para as culturas de inverno, como alho e cebola – culturas em sua maioria irrigadas – o excesso de chuvas pode ocasionar problemas fitossanitários, resultando em aumento nos custos de produção pelo aumento no número de pulverizações com fungicidas, bem como problemas com erosão do solo decorrentes de enxurradas, que para regiões de maior declividade, podem trazer prejuízos econômicos significativos aos produtores.

Para os cereais de inverno, com destaque para a cultura do trigo, a preocupação de técnicos e produtores é com a previsão de excesso de chuvas para os meses de outubro/novembro, período que coincide com as fases de maturação e colheita da cultura. Caso essas previsões se confirmem, Santa Catarina pode ter perdas em produtividade pelo aumento da ocorrência de doenças fúngicas (Brusone e Giberela), que prejudicam diretamente a qualidade do grão de trigo, reduzindo o valor comercial do produto colhido, com perdas normalmente irreversíveis.

Outro fator que deve pesar na escolha da cultura é o preço da soja, muito valorizada no mercado internacional. É esse vegetal que deve ocupar parte das áreas até então utilizadas para o trigo. 


Estado quer reduzir dependência do milho

Para o Governo do Estado de Santa Catarina, alavancar a produção de cereais de inverno é uma estratégia para abastecer as cadeias produtivas de aves, suínos e bovinos, reduzindo a dependência do estado pelas importações de milho para alimentação animal. Santa Catarina consome mais de 7 milhões de toneladas desse grão por ano, e cerca de 4 milhões são comprados de outros estados ou países.

Além de reduzir custos e melhorar a competitividade da pecuária, o cultivo de cereais de inverno é uma opção de renda adicional para as famílias rurais, pois aproveita áreas que não estavam sendo usadas economicamente, e traz benefícios com a rotação de culturas. “Durante o inverno, as áreas de grãos em muitas propriedades ficam subutilizadas ou protegidas com plantas de cobertura. Quando se ocupa essas áreas com o cultivo comercial de cereais de inverno, o solo se mantém protegido e ainda gera receita para as famílias.”


Como funciona a iniciativa
Os produtores rurais procuram as cooperativas agropecuárias participantes do Projeto para manifestar o interesse em fazer a semeadura de cereais de inverno. As cooperativas fornecem as sementes e insumos para o plantio e o produtor realiza o pagamento ao final da safra, quando entrega os grãos e recebem o subsídio de R$ 250,00 por hectare cultivado.

Os grãos entregues pelos produtores às cooperativas são destinados às agroindústrias e fábricas de ração instaladas no estado. O Projeto segue o modelo do Programa Terra Boa, bastante conhecido pelos produtores rurais de Santa Catarina.


R$ 5 milhões em investimentos

O Projeto de Incentivo ao Plantio de Cereais de Inverno Destinados à Produção de Grãos contará com R$ 5 milhões em investimentos, que serão destinados para apoiar os produtores que apostarem no cultivo de trigo, triticale, centeio, aveia e cevada ainda nesta safra.

Jocelito Mattos, da Copercampos, comenta que, além do trigo, observar o plantio de triticale em algumas lavouras. Esse grãos é utilizado em substituição do trigo, principalmente como ração animal. 


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