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Iran Rosa de Moraes / Divulgação
A Art Decó é um estilo artístico e arquitetônico que marcou época na Europa a partir da década de 1920
Lages possui uma riqueza inexplorada em termos de Art Decó. São casas e prédios construídos nas décadas do ciclo econômico da madeira, com ênfase entre as décadas de 1940 e 1960. Mais tarde, na década de 2000, este patrimônio tornou-se objeto de estudos de um grupo de pesquisadores lageanos em parceria com equipe do departamento de Arquitetura da Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc), visando criar mecanismos legais de preservação deste importante acervo.
Os estudos foram condensados em livro, lançado em 2013, com o título “Memórias, ausências e presenças do Art Decó em Lages”, publicação da Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC), o livro têm artigos dos pesquisadores Americo Ishida, Eliana Zimmermann Bornhausen, Iáscara Almeida Varela, Luiz Eduardo Fontoura Teixeira e Zilma Isabel Peixer.
Na sinopse do livro, o jornalista da Agência de Comunicação da UFSC, Moacir Loth, descreve que “o Art Decó ganhou expressão em Lages no Ciclo da Madeira, no período do Governo Getúlio Vargas. A presença na região coincide com o processo de urbanização, entre as décadas de 1940 e 1960”.
Loth observa que “os pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac) desenvolveram ampla pesquisa histórica, levantamento fotográfico e mapeamento arquitetônico na cidade e nos arredores. O resgate inédito contou com o incentivo da Prefeitura de Lages e da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de SC (Fapesc)”.
“Além dos textos, que contextualizam a arte decorativa no contexto político, econômico, social, artístico e cultural do País, a obra destaca-se pela qualidade da capa, das fotos, mapas e ilustrações. A pesquisa recupera a memória e a história da cidade, mas, sobretudo faz a defesa incondicional da preservação e da valorização do patrimônio cultural, artístico e arquitetônico das cidades”, prossegue Moacir Loth.
Lançado em 2013, o livro apresenta texto datado de 2005, escrito pelo arquiteto Dalmo Vieira Filho, professor e ex-secretário de Planejamento Urbano da Capital Catarinense. Adverte Dalmo Filho: “esse legado, porém, nem sempre tem recebido a atenção que merece, e pouco a pouco vem sendo substituído por uma arquitetura anônima e despersonalizada. A cidade de Lages precisa conhecer melhor o seu patrimônio, conhecendo, saberá protegê-lo”.
A pesquisadora Iáscara Varela, ex-superintendente da Fundação Cultural de Lages, diz que é fundamental que haja uma lei que regulamente a utilização de propaganda visual nas fachadas das casas e prédios com arquitetura Art Decó. “Temos hoje um patrimônio histórico-cultural coberto por placas e outdoors. Em 2002 promovemos uma exposição fotográfica, no Calçadão central de Lages, mostrando através de fotos comparativas o quanto essas fachadas Art Decó estão poluídas por propagandas”, lembra.
A exposição de que fala a pesquisadora consistia de pares de fotos, sendo uma delas mostrando a fachada poluída e a outra sem placa alguma. Este trabalho foi patrocinado pela prefeitura municipal e as fotos ficaram com a FCL. “Precisamos de uma Legislação capaz de preservar a manifestação Art Decó existente, e que normatize a utilização da publicidade ao ar livre. A cidade de Goiânia, que também tem um importante acervo de Art Decó, já conta com legislação específica sobre normatização das placas e propagandas”, destaca Iáscara.
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