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Patrimônio Histórico

Corredor as Tropas deve ser tombado por municípios

  • Augusto Camargo / Divulgação

Construído por escravos na Coxilha Rica, para evitar que o gado se dispersasse enquanto era transportado por tropeiros entre o Rio Grande do Sul e São Paulo, o Corredor das Tropas deve ser tombado como patrimônio histórico de forma conjunta entre os municípios de Lages, Painel e Capão Alto.

São cerca de 80 quilômetros de taipas edificadas com pedras basalto (pedra ferro) ainda no Século XVIII. O processo está em fase de estudo e ganhou força depois que um jipeiro causou danos na estrutura, explica o superintendente da Fundação Cultural de Lages, Gilberto Ronconi (Giba). 

“Mas de certa forma, ele já tem uma proteção histórica em função da sua relevância, é do século XVIII, pela passagem dos tropeiros que por aqui transitavam.

Ele já tem uma proteção natural, cabe a nós sempre protegê-lo e isso depende da consciência das pessoas,“ comenta Ronconi. 

Ele reconhece a dificuldade em proteger a estrutura em função de sua longa extensão. Quando está em terreno privado, os proprietários das fazendas são cobrados para a devida preservação.

Quando está em uma área pública, de livre acesso a todos, a preservação depende da consciência das pessoas.

“Em relação aos danos causados durante um evento de trilha, estamos tomando as providências por meio do Compac e da Procuradoria Municipal para responsabilizar os organizadores do evento,” afirma Giba.. 


Patrimônio é explorado para o turismo

O site americano de viagens Travel and Leisure elaborou a lista dos 25 monumentos mais visitados do Velho Continente.

A seleção é dominada por países famosos entre os turistas como França e Itália, mas há espaço para outros não tão comuns como Turquia. Castelos, museus, igrejas e até um parque temático integram essa variada lista.

A lista tem itens famosos, como a Torre Eiffel e as igrejas de Roma. Da mesma forma, Lages já explora seu potencial. É grande o número de visitantes na Catedral Diocesana, no Mercado Público e em outros pontos.

Mesmo assim, ao longo das duas últimas décadas, o município perdeu várias construções antigas, principalmente nas ruas Correia Pinto, Nereu Ramos e Frei Rogério, onde casas deram lugar até a estacionamentos. Tratava-se de imóveis não tombados como patrimônio. 

Nos imóveis tombados, a preservação é um entrave. No ano 2000 o casarão que abrigou Aristiliano Ramos ruiu em função de infiltrações.

À época, faltou fiscalização e manutenção. Mais recentemente, o Casarão Juca Antunes, que também apresentava problemas estruturais, somente foi restaurado em função de recursos da empresa CTG Brasil, que aplicou R$ 1 milhão no prédio.

O valor era referente a compensação ambiental decorrente da implantação da Usina Garibaldi, de propriedade da CTG.  


ENTREVISTA

Gilberto Ronconi

O superintendente da Fundação Cultural de Lages, Gilberto Ronconi (Giba), explica como funciona o processo de tombamento de um patrimônio e as alternativas para preservá-los. 

Folha da Serra_ De que forma os bens tombados são fiscalizados?  

Gilberto Ronconi_ Podem ser fiscalizados por qualquer pessoa que possa denunciar algo de errado. Mas existe dentro do município o Compac (Conselho Municipal de Patrimônio Cultural) que tem essa função. De avaliar se os bens estão corretamente mantidos. O conselho é formado por várias pessoas de entidades civis organizadas. 

Existe algum apoio financeiro para o proprietário manter o imóvel?  

No município existe a Lei de redução de IPTU, se o bem for tombado e preservado, o proprietário pode solicitar, todos os anos, o desconto de até 80% de seu IPTU. A nível estadual e federal, principalmente federal, existem projetos para manutenção e restauro de bens tombados. 

Para ser tombado basta ser antigo ou precisa ter relevância histórica?   

Todos os bens passam por uma avaliação do Compac. Se for estadual, a exemplo do Colégio Industrial, também passa por uma avaliação da Fundação Catarinense de Cultura (FCC). Qualquer pessoa pode solicitar o tombamento e é claro, o imóvel será avaliado. Tem uma série de questões que podem levar ao tombamento: quem morou nele, sua história, a parte arquitetônica ou algo que remeta ao passado e também por sua relevância política e histórica. 


“O patrimônio é a herança de um povo, que garante a preservação de sua memória e da cultura, conferindo-lhe identidade e alteridade. Preservar e valorizar os elementos culturais de um povo é manter viva a sua identidade. Trata-se, portanto, de um ato de construção da cidadania”

Robson Antônio Rodrigues, Phd em arqueologia brasileira


Bens Tombados pelo Município de Lages

Parque Jonas Ramos, Cine Teatro Marajoara.


Bens Protegidos pela Lei Orgânica

Catedral Diocesana, Mercado Público Municipal, Colégio Vidal Ramos (Colégio Rosa), Colégio Aristiliano Ramos, Fórum Nereu Ramos, Prefeitura, Igreja São José, Prédio Fazenda Exp. de Lages, Cacimba, Antiga Cúria Diocesana, Cine Marrocos.


Bens Tombados pelo Estado

Grupo Escolar Vidal Ramos, Conventinho Frei Rogério, Catedral Diocesana, Praça João Ribeiro (nº 16, 28, 40), Prefeitura Municipal de Lages, Casarão Juca Antunes, Museu Histórico Thiago de Castro, Rua Correia Pinto nº 49, prédio do antigo Cine Tamoio, Casarão Gamborgi (Rua Hercílio Luz), Igreja Presbiteriana (Rua Fausto de Souza), Convento Franciscano São José do Patrocínio, Colégio Santa Rosa de Lima, Casa União (Rua Coronel Córdova com Quintino Bocaiúva), Rua Nereu Ramos nº 148 (prédio da farmácia), Fazenda Cajuru (Coxilha Rica). 


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